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Ex-secretário e delator, é figura-chave para revelar esquema

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Edmar Santos foi nomeado de secretário estadual de Saúde no primeiro dia do governo Wilson Witzel, em janeiro de 2019. No início do 2020, assumiu posição de protagonismo ao liderar as ações de combate ao novo coronavírus no estado do Rio de Janeiro.

Semanas depois, vieram denúncias de corrupção nas contratações emergenciais e, em 10 de julho, Santos foi preso em uma operação do Ministério Público e solto dias depois para responder em liberdade.

O ex-secretário fechou um acordo de delação premiada firmado pelo Ministério Público Federal (MPF) e homologado pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ). Ele acusa governador Wilson Witzel e o Pastor Everaldo, ambos do PSC e alvos da Operação Tris in Idem, de participação em um esquema de corrupção. Veja abaixo a trajetória do ex-secretário de Saúde.

Nomeação sem pompa
Ex-diretor-geral do Hospital Universitário Pedro Ernesto, Edmar Santos foi anunciado logo no primeiro dia de mandato de Witzel. No primeiro ano de governo, teve pouca visibilidade e tentou atuar para melhorar a situação precária das unidades de saúde do estado.

Liderança na pandemia
Assim que a Covid-19 começou a ameaçar o estado, Santos se mostrou atuante no combate à doença. O secretário aumentou o número de leitos de UTI na rede e determinou a construção de hospitais de campanha para reforçar o atendimento aos doentes com a doença.

Denúncias
Foi justamente a partir dessas ações emergenciais que surgiram as denúncias de irregularidades. O contrato de R$ 836 milhões, sem licitação, com a organização social Iabas — responsável pela montagem e gestão dos hospitais de campanha, foi suspenso por atraso nas obras.

Dos sete hospitais prometidos, só o do Maracanã e o de São Gonçalo foram inaugurados. A OS é investigada pela Polícia Federal por possíveis fraudes na construção dos hospitais de campanha.

Também há suspeita de desvios na compra de oxímetros. O Tribunal de Contas do RJ investiga se não houve pesquisa de preços, o que fez com que o Rio pagasse mais caro que outros estados pelos mesmos produtos.
Também há suspeitas de fraude em licitações. No edital para contratar leitos da rede privada, a proposta da empresa vencedora foi apresentada dois dias antes da abertura do processo e oferecia vagas em um hospital que nega ter participado de qualquer concorrência para o governo.

Pesaram contra Edmar principalmente as denúncias de irregularidades na compra de respiradores e nas obras dos hospitais de campanha.

Exoneração
Edmar Santos foi exonerado em 17 de maio, mas não ficou sem cargo. Assumiu a função de secretario extraordinário de Acompanhamentos das Ações Governamentais Integradas da Covid-19, uma secretaria criada especialmente para ele pelo governador.

A Justiça suspendeu a nomeação de Edmar e o governo chegou a anunciar que ia recorrer da decisão, mas o próprio Edmar apresentou carta de exoneração e o estado desistiu do recurso.

O RJ2 mostrou que, mesmo sem trabalhar, no mês passado, o ex secretário recebeu quase R$ 30 mil de salário.

Perguntas sem resposta
Edmar Santos é funcionário público e tem duas matrículas: uma na Polícia Militar, onde é tenente-coronel aposentado, e outra na Universidade do Estado do RJ (Uerj), onde é professor. Por ser militar, está preso no Batalhão Especial Prisional (BEP), em Niterói.

Durante sessão virtual da comissão da Alerj que fiscaliza as contratações emergenciais da secretaria de Saúde na pandemia, Edmar se recusou a responder a algumas perguntas como: Que função exerce na PM? Quem indicou Gabriell Neves, ex-superintendente de logística, também preso acusado de fraude na secretaria de Saúde.

“Eu queria informar que eu não tive acesso integral aos elementos de prova do inquérito. Dessa forma, fui expressamente orientado pelos meus advogados a exercer ao direito de silêncio”, disse.
Bloqueio de bens e prisão
Na semana passada, a Justiça determinou a quebra do sigilo bancário e o bloqueio dos bens de Edmar Santos, de Gabriell Neves, do ex-superintendente de Logística Gustavo Borges da Silva e dos donos das três empresas contratadas pelo estado.

A Justiça entendeu que as condutas dos réus são extremamente graves e estão embasadas em relatórios do Tribunal de Contas do Estado.

Com a prisão de Edmar, a cúpula da secretaria, que até poucos meses atrás coordenava os esforços contra a Covid-19, agora está atrás das grades.

Delação
Em depoimento após fechar acordo de delação, Santos disse ter sofrido ameaças enquanto esteve detido em Niterói, Região Metropolitana do Rio, em uma cadeia exclusiva de policiais — Edmar já foi da PM.

O ex-secretário afirmou que sofreu pressão para informar se tinha fechado algum tipo de acordo de delação. Segundo ele, um sargento — que também estava preso — tentou por diversas vezes obter informações sobre colaboração premiada. O ex-secretário disse acreditar que o recado tenha vindo do grupo do Pastor Everaldo.

Santos também prometeu entregar um conjunto de provas que revelariam a participação do governador Wilson Witzel.

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