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Carrinho esvaziado: queda do poder de compra de R$ 200 em dois anos no Brasil

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Último sábado de descontos na Feira Livre do Hauer. Foto: Levy Ferreira/SMCS

Quem faz as contas já reparou: os preços nos supermercados estão cada vez mais altos. Em maio, a prévia da inflação oficial do Brasil, medida pelo IPCA-15, acumulou alta de 11,73% em 12 meses.

Se você acha que consegue colocar cada vez menos compras no carrinho do mercado, não é só uma impressão: o valor do dinheiro está “encolhendo” mesmo. Especialmente na hora de comprar alimentos e bebidas.

Segundo o Procon, nos últimos 12 meses, os três produtos que mais subiram foram o café em pó – com uma alta de 95,6% – , a batata (70%) e o pacote de biscoito água e sal (48,8%).

Em dois anos, o carrinho – com os mesmos itens – ficou R$ 63,95 mais caro. Considerando apenas de janeiro a maio deste ano, ficou R$ 21,26 mais caro.

Custo do mercado explodiu

Para demonstrar como a alta da inflação afeta diretamente o poder de compra dos brasileiros, em uma comparação entre a quantidade máxima de itens que era possível colocar no carrinho do supermercado com R$ 200 em maio de 2020, 2021 e 2022, considerando os valores médios de produtos básicos.

Os preços foram divulgados por uma parceria entre o Procon-SP e o Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos). Foram escolhidos, a partir dos itens da cesta básica:

13 produtos entre alimentos (arroz, feijão, café, ovo, carne, frango, leite, batata, pão francês, açúcar, óleo, farinha e margarina);
2 itens de higiene (papel higiênico e creme dental); e
2 para limpeza (sabão em pó e limpador multiuso). 

Em maio de 2020, para encher o carrinho com esses itens, o consumidor precisava de R$ 138,82. Já em maio deste ano, eram precisos R$ 202,77 – uma alta de 46%.

Com a disparada de preços, o brasileiro que vai ao mercado com R$ 200 sai hoje com o carrinho bem mais vazio que há dois anos.

Na simulação feita pelo g1, seria preciso deixar na prateleira em maio deste ano (na comparação com 2 anos antes):

1 pacote de arroz de 5 kg
1 kg de feijão carioca
1 pacote de meio kg de cafe em pó
1 litro de leite UHT
1 kg de batata
1 dúzia de ovos brancos
1 kg de frango
1 pacote de papel higiênico
1 creme dental

Explicações para a alta

De acordo com o Procon-SP, as variações de preços dos produtos da cesta básica aconteceram por motivos diversos. Entram na conta: excesso ou escassez na oferta ou demanda, preços de commodities, variações do câmbio, formação de estoques e desoneração de tributos, além de questões sazonais e climáticas.

A cebola, por exemplo, que de abril para maio teve uma alta de 31%, foi afetada pelos baixos estoques de cebola em Santa Catarina e o clima desfavorável para colheita e comercialização dos bulbos no Nordeste.

Outro aumento sentido pelo consumidor foi o da salsicha, que em abril custava, em média, R$ 13,11 e passou para R$ 13,94, em maio. O principal insumo da salsicha é a carne suína, cujo preço esteve elevado, consequência do aquecimento nas exportações e da procura interna por carne mais barata.

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